segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Experiência de atendimento enquanto estudante de medicina

Texto produzido em 10/12/08:


Uma Lágrima:


Poucas coisa boas tenho para relatar desde que iniciei os atendimentos ambulatoriais,nos quais lidamos diretamente com o paciente.Mas um muito me marcou.Foi no ambulatório de psiquiatria,enquanto acompanhávamos,eu e outro colega,nosso professor.Nós entrevistávamos um paciente que se encontrava sob um intenso sofrimento decorrente de um quadro depressivo grave.Enquanto ouvíamos o relato de sua história de vida,fiquei profundamente tocada quanto à sua sofrida vida.Não me lembro de tudo,mas lembro que ele era motorista de ônibus e estava de licença por ter iniciado quadros de esquecimento juntamente com episódio depressivo grave(inclusive com 2 tentativas de suicídio).Ele havia recebido diagnóstico de Doença de Alzheimer(DA)por outro médico e estava ainda mais triste e apreensivo.Além disso,estava passando por uma crise financeira que o levou a suspender seu plano de saúde e até mesmo as medicações.

Não bastasse isso tudo, a família não o apoiava,pelo contrário,repreendiam-no por estar doente e não poder trabalhar.Ressalto uma frase"Me sinto muito triste por não poder comprar uma máquina fotográfica para a minha filha.Uma vizinha ofereceu-me uma por um ótimo preço e não queria perder essa oportunidade,pois minha flha a quer muito".Em resumo:ele cogitou a possibilidade de deixar de comprar sua medicação para poder comprar a tão sonhada máquina fotográfica da filha.Afinal, a família não aceitava sua doença e ele se sentia culpado e amargurado por isso.

Fizemos o exame e felizmente excluímos DA.uffa!menos um peso nas costas dessa pobre criatura,restando-nos tratar sua depressão melancólica grave.

Decidiu-se fazer um esquema mais efetivo para sua doença,porém não disponível no SUS e de custo elevado.E como era de se esperar,o paciente confessou que não poderia arcar com tamanha despesa.O médico então ligou p alguns contatos e conseguiu amostras suficiente até a consulta seguinte de uma das drogas e para a outra,tirou o dinheiro da carteira e entregou na maõ de seu paciente.

Não aguentando de emoção, eu e o outro estudante que acompanhava a consulta nos olhamos e percebemos na face um do outro uma lágrima de comoção.

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